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Entenda como a nossa mente lida com as transformações e quais estratégias de gestão da mudança podemos utilizar para tornar esse processo menos difícil.

Você estava relativamente confortável em um momento ou contexto de vida, mas de repente tudo mudou e virou a sua vida de cabeça para baixo. Essa mudança pode ter sido involuntária ou não – mudou uma chavinha na sua cabeça que te fez questionar e mudar tudo.

No início, você pode ter ficado animado com as mudanças, mas depois o medo e outros sentimentos foram aparecendo e você foi questionando a própria mudança a ponto de não entender mais quem você é. Você já se sentiu assim? Então saiba que você não é a única pessoa e que esse fenômeno tem, inclusive, nome: o processo de transição.

Veja, a seguir, o que é este processo, como ele se aplica nas nossas vidas e algumas dicas para lidar bem com as mudanças.

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O que é o processo de transição?

Existe uma certa semelhança na forma como encaramos as mudanças que acontecem na nossa vida e o luto. Nos dois casos, as pessoas podem ter ciclos mais rápidos ou demorados, mas há etapas nesse movimento, uma sequência.

Segundo a psiquiatra Elisabeth Kübler-Ross, no processo de luto as etapas são: negação; raiva; barganha; depressão e aceitação. Como é descrito no vídeo abaixo.

De acordo com John Fisher, psicólogo especialista em lideranças e mudanças organizacionais, existe uma jornada de transição que demonstra como as pessoas reagem ao longo do tempo e como isso influencia os seus comportamentos. Inspirado pelo processo de luto de Ross, se pararmos para refletir em toda mudança passamos pelo luto, pois sempre “perdemos” ou abrimos mão de alguma coisa. 

Acrescido a isso, ele identificou e detalhou mais algumas etapas que representam esses estágios pelos quais passamos ao lidarmos com a mudança, representado  pelo diagrama abaixo. 

Esta imagem é uma adaptação do diagrama de Fisher. Você pode encontrar o original aqui.

Toda mudança gera algum tipo de desconforto, podemos nos sentir, literalmente, em uma montanha russa repleta de emoções e sentimentos. Mas eles nunca estão sozinhos, estão sempre reforçados por pensamentos e crenças que podem nos limitar ou nos ajudar nesse processo. 

No diagrama de Fisher fica claro que a mudança, no primeiro momento, nos gera uma ansiedade porque estamos em nossa zona de conforto, as coisas minimamente estão de acordo com o que conhecemos e esperamos e aí, quando a mudança chega, está na hora de apertamos o cinto porque o carrinho vai seguir rumo a nossa jornada emocional.  

As etapas da gestão da mudança

Ao conhecer os estágios da mudança cabe a nós, coaches, psicólogos, líderes e profissionais de RH auxiliarmos as pessoas a ultrapassarem essas fases de transição.

Basicamente, os estágios de transição são os seguintes:

  • Ansiedade: as mudanças são incertas e essa incerteza causa ansiedade sobre como o futuro vai se comportar. Dúvidas como “será que vai dar certo?”, “Será que vou conseguir lidar com isso?” são constantes nas nossas mentes nesta etapa.
  • Motivação: mesmo com toda a dúvida, quando conseguimos controlar um pouco a nossa ansiedade e a olhar o que de bom a mudança poderá nos proporcionar, começamos a nos sentir animados, curiosos ou até eufóricos com o que está por vir e aliviados por não ser igual ao que vivemos antes. Neste momento podem surgir pensamentos “Ah! Até que enfim as coisas irão mudar”.
  • Dúvidas: ao longo do processo, à medida em que experimentamos as novidades, os desafios se tornam mais claros e podemos ficar confusos sobre as nossas escolhas. Também podem surgir diversos tipos de questionamentos: “Será que eu fiz a escolha certa?” “Será que esse é o melhor caminho?” “E se eu falhar agora?” “O que a pessoa X vai dizer quando souber que eu me meti nisso?”. 
  • Medo: a mudança traz algo novo, diferente e, principalmente, traz riscos. Tudo que não é conhecido causa receio, sensação de ameaça. O medo é um dos principais fatores de resistência à mudança. Nesse momento acionamos o lado mais primitivo do nosso cérebro e entramos em estado de alerta e reagimos com ataque ou fuga. 
  • Fuga: medo reforçado por nossos pensamentos e dúvidas podem nos fazer querer distância da mudança ou desejar que tudo voltasse a ser como era antes.
  • Negação: Também incentivadas pelo medo, algumas pessoas podem entrar em estado de negação. Trata-se de um mecanismo de defesa em que as pessoas agem como se nada tivesse acontecido, ignorando fatos e evidências. Esse estágio também é conhecido como síndrome do avestruz que enfia a cabeça na terra para não ver o que está acontecendo.
  • Conflitos: Neste momento de medo também é muito comum surgir um sentimento de raiva. Muitas pessoas se sentem assim em relação ao que/quem está causando toda essa mudança, pelas decisões que foram tomadas e esse sentimento pode perdurar até a zona de crise. 
  • Culpa: a conscientização sobre ações passadas ou erros podem levar à culpa. “Por que eu fui fazer isso?” “Por que eu inventei esse negócio?”. Neste momento você pode entrar em contato com as suas crenças limitantes e isso pode gerar frustração, tristeza, raiva, angústia e impacto na sua auto imagem. 
  • Crise: os questionamentos voltam a surgir, assim como as dúvidas sobre as nossas decisões, o que desencadeia desmotivação e a crença de que a mudança pode não funcionar ou que não serão capazes de enfrentá-la. Muitas vezes nós somos os principais sabotadores pela mudança não acontecer. Nesta fase é muito comum ocorrer o fenômeno do impostor. 
  • Depressão: a tristeza e a angústia fazem parte do processo de mudar, afinal, isso envolve abandonar comportamentos e o que já é conhecido. A ansiedade, somada a angústia ao lidar com essa mudança, gera desconfiança, sensação de não ter recursos, força para lidar com tudo isso. Nos sentimos pressionados, definitivamente é o ponto mais baixo dessa jornada. 
  • Aceitação gradual: a mudança começa a se encaixar e fazer sentido. Há um sentimento de esperança e de que pode ser o caminho certo. Neste momento começamos a perceber a relevância em mudar, nos sentimos mais otimistas e vemos uma luz no fim do túnel que nos faz acreditar que somos capazes de nos transformar. Aqui começamos a subir novamente na nossa montanha russa para um novo ponto alto onde começamos a enxergar as coisas sob uma outra perspectiva.
  • Seguir em frente: compreensão de que a mudança está alinhada com os nossos objetivos, princípios e crenças e que tomamos as decisões certas. Passamos a ter uma nova consciência sobre o processo, enxergamos principalmente os ganhos, os aprendizados, ganhamos mais recursos e nos sentimos bem por estarmos fazendo o que escolhemos fazer. Aqui, deixamos de ser conduzidos pela mudança e passamos a ser condutores.  
  • Zona de conforto: são pessoas que nem percebem os estágios da mudança, continuam agindo em piloto automático, seguindo o fluxo e “deixando a vida levar”.

Vale observar que não necessariamente as pessoas que estão passando por alguma mudança irão vivenciar todos os estágios, porque existem algumas possibilidades de caminhos. Além disso, a velocidade com que nos adaptamos e assimilamos as mudanças influenciam muito nos nossos sentimentos, então, você pode passar tão rápido por uma etapa que nem percebe o sentimento.

Gestão da mudança: 5 dicas para encarar as transformações da vida

Assim como planejamos o nosso trabalho ou um projeto, podemos planejar a forma como vamos lidar com as mudanças antes delas acontecerem, ou logo que acontecem. A esse processo damos o nome de gestão da mudança. Veja as dicas abaixo.

  1. Planeje-se

Nesta etapa precisamos entender o que é essa mudança, quando ela acontecerá ou quando aconteceu e as motivações. Alinhe essa mudança com os seus objetivos pessoais ou profissionais e estabeleça metas.

  1. Invista em autoconhecimento

Como vimos acima, ao longo da jornada teremos que lidar com diversos tipos de emoções. De acordo com a escritora Suzan David, no livro Agilidade Emocional, é necessário que as pessoas tenham a capacidade de conviver com as nossas emoções, pensamentos e opiniões sobre nós mesmos com uma certa flexibilidade e fluidez de mindset. A esse movimento, ela dá o nome de agilidade emocional e, para ela, a forma como lidamos com o nosso mundo interior determina o sucesso ou bem-estar em todas as áreas da vida. 

  1. Entenda os impactos

Saber o que você pretende alcançar com as mudanças que está promovendo é fundamental. Ou seja, revise a sua consciência, faça uma auto-avaliação e invista em autoconhecimento.

Neste momento, também é importante entender se a mudança afeta outras pessoas e de que forma.

  1. Comece

Mãos à obra! Coloque no papel o que você precisa fazer para que essa mudança aconteça. É preciso fazer coach, terapia? Vai fazer cursos porque isso envolve ir para um caminho pouco conhecido? Se for uma mudança física, por exemplo, mudar de cidade, comece a olhar o preço dos imóveis, entenda a qualidade de vida, conheça moradores locais e tente imaginar como você pode se encaixar no novo lugar, por exemplo.

  1. Implemente

É a hora de mudar. Execute tudo o que planejou e não se esqueça dos seus objetivos e metas. Como explicado acima, os sentimentos ruins são inevitáveis, mas tenha em mente, sempre, o resultado que você está buscando para, assim, seguir em frente e se adaptar à mudança.

Então, bora perder o medo e começar a mudar hoje? Aproveita e conta nos comentários quais são as mudanças que você quer fazer na sua vida e que desafios você encontra para promovê-las.

Se gostou deste conteúdo, te convido a acompanhar o meu blog. Por aqui, sempre falo de assuntos como saúde mental, carreira e família. 

Até a próxima!

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